Um olhar fenomenológico para a infância
- Samy Andaku
- Sep 13
- 3 min read
Updated: Oct 17
A infância é uma fase marcada por descobertas, curiosidade, mas também por desafios. Nem sempre a criança consegue expressar em palavras o que sente ou vive, e muitas vezes seus conflitos aparecem em forma de comportamento, brincadeiras, sintomas físicos ou dificuldades escolares. É nesse espaço que a análise existencial, com base fenomenológica, pode oferecer um caminho de cuidado.
A análise existencial parte da ideia de que cada criança é um ser único, livre e em constante construção de sentido. Inspirada pela fenomenologia, ela busca compreender a experiência vivida pela criança a partir de seu próprio olhar, sem interpretações prontas ou rótulos.
Aqui, não se trata de encaixar a criança em diagnósticos ou padrões de normalidade, mas de escutá-la na sua singularidade: como ela sente o mundo, como percebe a si mesma e como se relaciona com os outros.
A sessão pode envolver brincadeiras, desenhos, histórias ou diálogos, sempre escolhidos de acordo com o que a criança traz no momento. O terapeuta acompanha o fluxo da experiência e convida a criança a perceber o aqui-e-agora. Esse olhar ajuda a criança a tomar consciência de si mesma, fortalecendo autoestima, autonomia e capacidade de lidar com suas emoções.
Por que é importante?
A análise existencial, com base fenomenológica, contribui para que a criança:
• Se conheça melhor e aprenda a nomear o que sente;
• Desenvolva recursos internos para enfrentar desafios;
• Construa relações mais saudáveis com família, colegas e professores;
• Viva a infância de forma mais plena e significativa.
Mais do que “corrigir” comportamentos, essa abordagem aposta na potência de crescimento que existe em cada criança, reconhecendo que ela já é um ser de valor, digno de respeito e acolhimento em seu modo único de existir.
Perguntas frequentes dos pais sobre a psicoterapia infantil:
1. Como funciona?
A terapia infantil não se baseia apenas em conversa. A criança expressa o que sente principalmente por meio do brincar, desenhar, movimentar-se. O terapeuta não interpreta de fora — ele entra em contato com a experiência da criança no seu ritmo, respeitando seus modos de expressão.
2. E se meu filho não quiser falar?
Tudo bem. Na abordagem fenomenológica, o mais importante não é falar, mas estar junto com o que está vivo ali. A escuta se dá mesmo no silêncio, nos gestos, no jeito de brincar e no olhar. O terapeuta respeita esse tempo, sem forçar e sem invadir.
3. Em que situações a terapia pode ajudar uma criança?
A psicoterapia infantil pode ser útil em momentos desafiadores para a criança ou quando ela apresenta comportamentos ou sintomas que precisam ser acolhidos e compreendidos, tais como:
Mudanças bruscas de comportamento
Separação dos pais
Luto na família
Agressividade ou isolamento
Ansiedade, medos excessivos
Dificuldade de sono ou alimentação
Baixa autoestima ou insegurança
Dificuldades escolares
Traumas ou situações de violência
4. Os pais participam do processo terapêutico?
Sim. A participação dos responsáveis é parte essencial do processo. A terapia infantil envolve encontros de escuta com os pais, onde falamos sobre a criança, mas também acolhemos suas angústias como cuidadores. Afinal, uma criança nunca está sozinha em seu mundo — ela faz parte de uma rede de vínculos.
5. Como posso ajudar meu filho em casa?
Você não precisa ter todas as respostas. Mas pode ajudar muito ao:
Oferecer escuta sem julgamento
Validar os sentimentos da criança
Evitar pressões como “engole o choro” ou “isso é bobagem”
Criar momentos de conexão (mesmo que breves)
Procurar ajuda profissional sem culpa ou vergonha
Estar disponível já é, muitas vezes, o que seu filho mais precisa.
Toda criança, quando escutada de verdade, encontra novos caminhos para ser. Se você sente que chegou a hora de buscar apoio para o seu filho — e também para você — estou aqui.







Comments